A Pfizer adquiriu a Therachon. O que devemos esperar agora?

Sob os termos do acordo, a Pfizer vai adquirir a Therachon adiantando 340 milhões de dólares e pagando mais $470 milhões num plano contingente de pagamentos adicionais ao chegar atingir metas-chave no desenvolvimento e comercialização do TA-46 indicado para o tratamento da acondroplasia. [1]

 

 

A Pfizer não é só uma grande companhia farmacêutica. É a maior companhia farmacêutica do mundo, é multinacional e sediada nos EUA. A companhia baseada em investigação tem um portefólio variado que abrange muitas áreas terapêuticas, incluindo a imunologia, oncologia, neurociências, e as doenças raras. Em 2018, a companhia recebeu várias aprovações da FDA, em particular para a área da oncologia, e muitos dos seus produtos mais vendidos ainda estarão protegidos por patentes durante muitos anos. [2]

Embora abranja muitas outras áreas, a FDA (U.S. Food and Drug Administration) é a autoridade reguladora dos medicamentos nos EUA. É o órgão que aprova novos medicamentos no mercado.

 

Hoje em dia, os gigantes da indústria estão a comprar cada vez mais empresas de biotecnologia por diversas razões. Uma delas, e a mais relevante, é para reabastecer as suas linhas de desenvolvimento, as pipelines (um grupo de medicamentos em desenvolvimento que uma empresa detém e está sobre desenvolvimento ou estudo a qualquer momento no tempo [4]), seguindo um "atalho" para obterem grandes retornos de investimento. [3]

 

No centro destas aquisições está uma troca de benefício mútuo:a propriedade intelectual da empresa de biotecnologia em troca a escala e alcance da grande farmacêutica, e, para os investidores, um retorno potencialmente avultado. Outra razão por trás destas aquisições pode ser a natureza do desenvolvimento de medicamentos ser cada vez mais virada para as plataformas, à medida que as companhias farmacêuticas procuram fortalecer as suas posições contra os empresas rivais ao adquirirem tecnologias-chave rapidamente. [3]

 

 

A Pfizer já tem programas para as doenças raras, incluindo doenças pediátricas do crescimento (Deficiência de Hormona de Crescimento Pediátrica) e o TA-46 vai fornecer um plano complementar para a sua linha de desenvolvimento para as doenças raras. [5]

Sem quaisquer certezas, mas com confiança, Luca Santarelli, o CEO da Therachon disse: "Com a sua habilidade com doenças raras e alcance global, a Pfizer está bem posicionada para acelerar o desenvolvimento do TA-46 e tornar realidade a visão da Therachon de resolver as complicações que as crianças com acondroplasia sofrem ao apontar o tratamento para as causas moleculares que originam desta condição.".

 

O processo de aquisição ainda demorará várias semanas a estar completo e no período de transição é importante que o ensaio clínico de fase 2 com o TA-46 continue a decorrer como planeado, e que seja reforçado pelas capacidades estruturais, logísticas e financeiras da Pfizer.

 

Por último, parabéns a todos os envolvidos da Therachon: a equipa de investigação, chefiada por Elvire Gouze e a todos os profissionais que têm sido pioneiros no caminho para tornar o TA-46 num medicamento com o potencial de reduzir as complicações causadas pela acondroplasia.